Momento divino
Momento divino

Após o período de gestação, a espera enfim chegou ao final - Eis o momento divino. É o momento de trazer mais um ser humano ao mundo.

 

Verifique, caso possa optar, as vantagens e desvantagens dos tipos de parto:

Parto normal.

1. A gravidez e o trabalho de parto são um festival de hormônios. Enquanto o feto se desenvolve, há muita progesterona circulando. Quando vai chegando a hora de nascer, não se sabe bem por quê, o nível de progesterona fica estacionado, e o estrogênio passa a dominar a parada

2. A progesterona é o hormônio que deixa tudo tranquilo para o bebê se aprontar, impedindo a ação de substâncias que poderiam antecipar o parto. A queda de seu nível abre caminho para a ocitocina, hormônio produzido pela hipófise da mãe para controlar as contrações do útero

3. Entra em campo a prostaglandina, substância que ajuda o organismo em inflamações. Na gravidez, porém, ela estimula as contrações. Com o domínio do estrogênio, ela passa a ser produzida pelo músculo uterino, e até o feto envia prostaglandina para ajudar!

4. O quase-rebento também trabalha! "Estudos indicam que, na hora do parto, o feto produz hormônios esteroides, o que aumenta o número de receptores de ocitocina da mãe", explica Mário Burlacchini, da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas de SP

5. Na gravidez, a mulher sente contrações, porém mais leves e irregulares que as da hora H. No puxa e repuxa, a bolsa pode romper, espalhando o líquido que envolve o feto. As contrações empurram o feto na direção do canal vaginal, e o próprio cabeção da criança ajuda a alargar a saída

6. O trabalho de parto pode durar mais de 12 horas e começa com uma dilatação de 4 cm da vagina - na hora do nascimento, a dilatação pode chegar a até 10 cm. Se a mulher ficar exausta de tanto fazer força, os médicos podem usar um fórceps para ajudar a tirar o feto

7. Conforme a gravidez avança, os tecidos da mulher vão acumulando líquidos. Isso faz com que o colo do útero fique molenga, facilitando a dilatação. Se a saída da vagina continuar estreita, pode-se recorrer a uma episiotomia, um cortezinho que facilita a passagem do rebento

8. Com uns 5 cm da cabeça para fora, o médico passa a controlar a saída do feto com as mãos, coordenando com as contrações. Depois que o bebê nasce, o útero mantém as contrações por um tempo, para expulsar a placenta. Se ela não sair, o médico retira com a mão

9. O revestimento da parede uterina formado para acomodar o feto é expelido após o parto, e o local em que a placenta descola do útero pode sangrar. Por isso, a barriga da mãe é massageada para estimular que o útero volte ao estado original e que o sangramento diminua

10. Enquanto a mãe se recupera, o bebê já recebe os primeiros cuidados. Às vezes, um tubinho é inserido na garganta para aspirar secreções que ele possa ter engolido. Na maioria das vezes, porém, o recém-nascido já segue para o colo da mãe ou para um berço climatizado

• O corte é um bom recurso porque é bem mais fácil de dar ponto que em um possível rasgo no períneo

• Na hora do vamos ver, o útero pode ter cinco contrações de cerca de 20 segundos a cada 10 minutos.

Vantagens

Embora seja o desfecho natural da gravidez, o parto normal é temido por muitas gestantes por conta da dor. Mas esse receio não faz mais sentido. “Hoje é possível dar à luz sem o sofrimento de décadas atrás, com a ajuda de analgésicos”, explica a Enfermeira Adriana Policastro, Obstetra e Coordenadora de Enfermagem da Maternidade e do Centro Obstétrico do Einstein.

E tem outras vantagens:

  • O bebê, ao passar pelo canal do parto, sofre compressão do tórax, o que elimina boa parte do líquido amniótico que traz nos pulmões, favorecendo a respiração.
  • Possibilita o aleitamento precoce, logo depois de o bebê nascer, para aumentar sua imunidade.
  • A recuperação é mais rápida e praticamente sem dor.

Parto cesário.

Surgiu para salvar a vida da mãe e do bebê quando o parto normal não evoluía bem. Com o tempo, as técnicas se aprimoraram e hoje é um procedimento seguro, mas com indicações específicas, como descolamento prematuro da placenta e sofrimento fetal. No entanto, vantagens como a comodidade de escolher dia e hora do nascimento do bebê sobressaíram. Hoje vemos muitas mães plenamente capazes de dar à luz por parto normal que acabam optando pela cesárea, por motivos pessoais.

Alguns pontos que devem ser levados em consideração, nesse caso:

  • Risco maior de infecção e problemas com a anestesia, assim como em todo procedimento cirúrgico.
  • Bebê não recebe informações psicofísicas de que está para nascer, como as contrações durante o trabalho de parto. Pode ser uma experiência traumática.
  • A recuperação da mulher é mais lenta, pois o corte no abdome exige descanso para a cicatrização, além de causar dores.

Cesarianas no Brasil

 

O índice de cesarianas no Brasil é um dos mais altos no mundo: 43%, segundo dados de 2008 do Ministério da Saúde, o triplo do que recomenda a Organização Mundial da Saúde.

 

Entre os fatores que elevam a taxa às alturas, os especialistas apontam, sobretudo, o medo que muitas gestantes têm de sentir dor e a comodidade de pais e obstetras de escolherem uma data para se planejar.

 

Imagine-se dormindo tranquilamente no seu quarto, seu ambiente mais seguro e, de repente, aparecem várias pessoas batendo pratos e com holofotes no seu rosto. Você vai acordar de bom humor?

 

A cesariana, de fato, salva muitas vidas, pois nem todo nascimento seria bem-sucedido de maneira natural, por limitações de saúde ou físicas da mãe, do bebê ou de ambos. Portanto, não se pode simplesmente taxá-la como má escolha, em defesa do parto normal.

 

Segundo o dr. Marco Antônio Lenci, obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), o melhor parto é aquele que preza pela segurança da mãe e do bebê e garante um final feliz para todos, independentemente de ser normal ou cesáreo.

 

Entretanto, o médico alerta para o fato de que a escolha pela cesariana eletiva, aquela com hora marcada, em geral atende aos interesses dos adultos, preocupados com as questões práticas da vida contemporânea. “É raro pensarem no bebê, em como será recebido”, avalia, brincando em seguida: “Imagine-se dormindo tranquilamente no seu quarto, seu ambiente mais seguro, e de repente aparecem várias pessoas batendo pratos e com holofotes no seu rosto. Você vai acordar de bom humor?”

 

O foco de pais e equipe médica, portanto, deve estar primordialmente na recepção ao pequeno. É preciso dar-lhe boas-vindas de uma forma suave, para que ele se sinta acolhido assim que colocar os pezinhos no mundo.

 

No centro obstétrico, o ambiente deve ser aconchegante, com luz baixa e menos ruídos, para favorecer um primeiro contato tranquilo entre a mãe e o bebê

 

O caminho para o sucesso desse momento tão especial está na chamada humanização do parto, que leva em conta aspectos biológicos, psicológicos e técnicos. Por isso, ao longo do pré-natal a gestante deve manter um diálogo franco com o obstetra, compartilhando dúvidas, receios, os prós e os contras das duas modalidades de dar à luz. “Já no centro obstétrico, o ambiente deve ser aconchegante, com luz baixa e menos ruídos, para favorecer um primeiro contato tranquilo entre a mãe e o bebê”, explica o dr. Máximo Akira Hanada, obstetra do Einstein.